Estratigrafia e correlações da Bacia de Pouso Alegre, transição Neoproterozóico-Cambriano, Minas Gerais, Brasil

Autores

  • Antonio Luiz Teixeira SMA; Instituto Geológico
  • Setembrino Petri Universidade de São Paulo; Departamento de Geologia Sedimentar e Ambiental; Instituto de Geociências

DOI:

https://doi.org/10.5935/0100-929X.20010001

Palavras-chave:

Bacia terrígena, Leque aluvial costeiro, Neoproterozóico-Cambriano, Gondwana Ocidental, Correlações.

Resumo

Os depósitos sedimentares da região de Pouso Alegre e outros remanescentes de bacias eminentemente terrígenas ocorrem ao longo do Cinturão Ribeira, desde o Estado de Minas Gerais até o Paraná. A análise das fácies sedimentares e dos sistemas deposicionais permitiram discriminar na bacia de Pouso Alegre três unidades estratigráficas representadas por associações de fácies que caracterizam depósitos subaéreos de leques aluviais; depósitos deltaicos (fan-delta)e depósitos de plataforma proximal. Nos ambientes subaquosos, esses depósitos foram retrabalhados pela ação de correntes de marés, por ondas normais e, eventualmente, de tempestades. Nos depósitos prodeltaicos foram identificados os acritarcos Soldadophycus bossii GAUCHER et al. 1996, Soldadophycus major GAUCHER 2000 e Symplassosphaeridium sp., evidenciando a participação de águas marinhas relativamente bem oxigenadas durante a sedimentação. A correlação com as demais bacias que ocorrem ao longo do Cinturão Ribeira e com outras dos continentes sul-americano e africano é proposta, tendo-se em conta parâmetros estratigráficos, paleontológicos e geocronológicos. Adaptou-se um modelo paleotectônico e paleogeográfico para a evolução do Gondwana Ocidental durante a transição Neoproterozóico Cambriano, em cujo cenário interagiram blocos cratônicos, a colagem de terrenos alóctones e a abertura e fechamento dos oceanos. Após a glaciação Varanger (~600 Ma) e com o aumento das temperaturas do planeta, o nível dos oceanos encontrava-se em ascensão. As águas do Oceano Brazilides penetraram pelas regiões subsidentes meridionais do Cinturão Ribeira, constituindo nível de base para a deposição em bacias extensionais nas porções ocidentais do Orógeno Mantiqueira. Concomitante a estes embaciamentos em mares epicontinentais ocorria a sedimentação em bacias de margens passivas, às bordas dos crátons. A conexão entre os oceanos Brazilides e Adamastor permitiu a disseminação de microfósseis similares, notadamente Cloudina, em quase todas elas. Com a convergência dos blocos cratônicos e o fechamento dos oceanos, ao redor de 530 Ma, as bacias sofreram inversão e encurtamento, como assinalado nas assinaturas isotópicas de rochas do embasamento e dos depósitos.

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Publicado

2001-12-01

Edição

Seção

não definida