Anomalias de flúor nas águas subterrâneas do estado de São Paulo

Autores/as

  • Sibele Ezaki Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
  • Annabel Pérez-Aguilar Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
  • Raphael Hypolito CEPAS - Laboratório de Hidrogeoquímica III, Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo
  • Mirian Chieko Shinzato Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas da Universidade Federal de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.5935/0100-929X.20160005

Palabras clave:

Flúor, Anomalia de fluoreto, Águas subterrâneas, Estado de São Paulo.

Resumen

O presente trabalho apresenta uma compilação de dados da literatura sobre as principais ocorrências de íon fluoreto (F-) nas águas subterrâneas do estado de São Paulo. Os resultados desse estudo revelaram que, pelo menos, 208 poços tubulares apresentam concentrações elevadas de F- (> 1,0 mg dm-3), das quais 122 são consideradas anômalas (> 1,5 mg dm-3) e prejudiciais à saúde, quando ingeridas em excesso. O aquífero mais estudado tem sido o Guarani, devido a sua elevada produtividade e explotação, mas também se destacam os aquíferos Cristalino (Pré-Cambriano), Serra Geral e Tubarão, além do Aquitarde Passa Dois. O enriquecimento pretérito dos aquíferos em F- está relacionado a processos hidrotermais e eventos tectônicos com controles estruturais, como a quebra do supercontinente Gondwana, que teriam propiciado a circulação de soluções residuais do magma, provocando mineralizações, e a remobilização do F- contido nas rochas percoladas. Os processos atuais de liberação de F- para as águas são atribuídos à interação rocha-água sob condições hidroquímicas com pH alcalino, em águas tipicamente Na-HCO3, pobres em Ca2+ e sob influência da força iônica das soluções, do tempo de contato, profundidade, temperatura, capacidade de troca iônica, entre outros fatores. Nos aquíferos fissurais de composição granítica e de rochas vulcânicas, os minerais que podem fornecer flúor para as águas são biotita e anfibólio (onde o F- encontra-se substituindo o OH-, dada à similaridade de seus raios iônicos) e, ocasionalmente, fluorita secundária preenchendo fraturas, além de apatita. Em aquíferos sedimentares, o F- se encontra principalmente na estrutura de argilominerais (illita, muscovita, esmectita, vermiculita, caulinita, entre outros) também substituindo os íons OH-. Portanto, a presença de elevados teores de F- nas águas subterrâneas está intrinsicamente associada às características e aos tipos de minerais de cada aquífero.

Publicado

2016-12-23

Número

Sección

RIG050