O significado paleoambiental de palinomorfos de fungos em turfas quaternárias do médio vale do rio Paraíba do Sul, SP, Brasil

Autores

  • Raimundo Souza Silva Universidade Guarulhos
  • Maria Judite Garcia Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo
  • Rudney de Almeida Santos Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo
  • Paulo Eduardo De Oliveira Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo
  • Paulo César Fonseca Giannini Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo
  • Mary Elizabeth C. Bernardes-de-Oliveira Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo
  • Vanda Brito de Medeiros Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo
  • Carlos Alberto Bistrichi
  • Rosana Saraiva Fernandes Universidade Guarulhos
  • Marco Felipe Raczka Biology Department, Florida Institute of Technology

DOI:

https://doi.org/10.5935/0100-929X.20150005

Palavras-chave:

Palinologia, Palinomorfos, Esporos de fungos, Turfeiras, Eugênio de Melo, Quaternário, Brasil.

Resumo

O presente trabalho trata do estudo de esporos de fungos provenientes de um testemunho obtido numa das turfeiras do distrito de Eugênio de Melo, médio vale do rio Paraíba do Sul, estado de São Paulo, Brasil. Com idades entre 11.240 e 300 cal. anos AP, o testemunho mostrou dois ciclos sedimentares, separados por um hiato de cerca de 7.000 anos. A extração dos palinomorfos seguiu o protocolo de processamento de sedimentos quaternários, com dissolução dos silicatos e silicofluoretos, eliminação dos ácidos húmicos e acetólise. Identificaram-se 210 tipos de palinomorfos de fungos, baseado na comparação com gêneros e espécies fósseis afins e modernas, com a finalidade de estabelecer seu significado ecológico; destes, os 40 mais representativos foram selecionados para elaboração de diagramas, que permitiram estabelecer três intervalos. O Intervalo I entre as profundidades de 360 e 190 cm e idades entre 11.240 cal. anos AP e 8.930 anos AP (idade interpolada); o Intervalo II entre as profundidades de 191 e 110 cm e idades entre >718 e 550 anos AP (interpolada); e o Intervalo III entre as profundidades de 110 e 0 cm e idades entre 550 anos AP (interpolada) e atual. Constatou-se que os espécimes dominantes são os de hábito saprófito (decompositores de matéria orgânica em putrefação), seguidos pelos parasitas, especialmente de folhas e de animais (menos comum), além daqueles patógenos de vegetais e coprófitos. A assembleia de esporos de fungos ao longo do perfil sedimentar indica desenvolvimento e preservação em ambiente redutor, com farta disponibilidade de matéria orgânica. Alguns tipos de esporos micorrízicos evidenciam presença de vegetação rasteira (Cyperaceae e Poaceae) associada a locais úmidos e/ou alagados. A ocorrência de Ascodesmisites malayensis, saprófito de folhas mortas de Cyperaceae, encontrado nos sedimentos datados entre 11.240 cal. anos AP e 10.800 (idade interpolada), confirma substrato encharcado ou com nível de água mais elevado. Anatolinites, gênero patógeno hospedeiro em folhas de vegetais vivas, ocorre no início do intervalo II, após o hiato temporal (± 7.000 anos AP), quando a área deve ter sido retomada por matas. Parasitas de vegetais, como Diporicellaesporites cf. D. liaoningensis e Diporicellaesporites sp. 9, habitam substratos lenhosos e indicam existência de vegetação arbórea no primeiro ciclo de deposição. Monoporisporites sp. 6, decompositor de excrementos, tem sido relacionado com esterco de animais herbívoros e ocorre nos últimos 300 anos. Sua abundância nesse intervalo provavelmente está relacionada à ação antrópica nas áreas hoje constituídas por turfeiras.

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Publicado

2016-12-22

Edição

Seção

não definida