Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro (1927 - 2022)
DOI:
https://doi.org/10.14295/derb.v43.784Abstract
Faleceu em 13 de julho de 2022, em Campinas (SP), Carlos Augusto Figueiredo Monteiro, Professor titular aposentado (1987) do Departamento de Geografia (USP) e professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
Nascido em 1927 em Teresina (PI), formou-se em Geografia e História pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ) em 1950. Durante sua graduação trabalhou como auxiliar de geógrafo no Conselho Nacional de Geografia do IBGE (1947 -1948) e, em 1951, publica na Revista Brasileira de Geografia seu primeiro artigo científico, intitulado “Notas para o estudo do clima do Centro-Oeste brasileiro”. Em 1953, concluiu especialização em Geografia Física e Geologia Dinâmica na Faculté des Sciences da Université de Paris - Sorbonne (França).
Ingressou como docente na antiga Faculdade Catarinense de Filosofia como professor de Geografia Física e, em 1960, entra como professor catedrático na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro (FFCL). Tornou-se doutor em Geografia pela FFCL da USP São Paulo em 1967, com a tese intitulada “A frente polar atlântica e as chuvas de inverno na vertente sul oriental do Brasil”, sendo que em 1968 ingressa como professor de geografia na mesma faculdade. Obteve o título de livre-docente em 1975, com a tese “Teoria e clima urbano”. Tornou-se professor titular do Departamento de Geografia em 1986. Em 26 de junho de 2003, tornou-se o 35º professor emérito da FFLCH. Recebeu título de professor Honoris Causa pelas Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ (2000), Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (2008), Universidade Federal da Bahia - UFBA (2012) e Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL (2016). Entre 1982 e 1983 foi professor visitante na Universidade de Tsukuba, Japão, para desenvolver pesquisas sobre a América Latina. Após sua aposentadoria na USP continuou muito ativo escrevendo e dando palestras e, em 1995 e 1996, retorna ao Japão como professor visitante na universidade de Tenri.
Monteiro notabilizou-se nacional e internacionalmente a partir de suas contribuições na Climatologia, desenvolvendo o conceito de ritmo climático e o método que dá suporte ao seu entendimento: a análise rítmica. Também desenvolveu metodologia original para o estudo dos climas urbanos, que tem sido amplamente aplicada nos estudos brasileiros até os dias de hoje. Suas obras contam sempre com seu talento para as ilustrações, sempre feitas com esmero e rigor, tal como os textos e o tratamento dos dados. Apesar de ser reconhecido pelos contribuições na climatologia, nunca se restringiu à esse campo do conhecimento. Dedicou-se sempre a ser geógrafo, ou como ele mesmo dizia ser, um aprendiz de geógrafo. Vários são os trabalhos realizados por ele com foco nas questões geográficas, dentre os quais destacamos: “Aspectos geográficos do baixo São Francisco”, “Qualidade ambiental na Bahia: recôncavo e regiões limítrofes”, “Geossistemas: a história de uma procura”, “a Geografia no Brasil (1937-1977): avaliação e tendências”, “Na encruzilhada da crise global: velhos caminhos e novas trilhas para a Geografia no Brasil ao início do século XXI”, “Travessia da Crise: tendências atuais na Geografia”.
Formou dezenas de alunos em mestrado e doutorado, que hoje atuam como importantes professores nas universidades brasileiras.
Foi membro do Corpo Consultivo da Revista do Instituto Geológico (atual Derbyana) por mais de 30 anos, sendo que sua contribuição mais recente para nossa revista foi publicar uma tradução de um texto clássico do professor Valerian Snitko (A propósito de modelos espaciais-temporais dos regimes naturais de geossistemas: https://doi.org/10.5935/0100-929X.20180004).
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