O Permiano-Triássico da Bacia do Paraná no Brasil e Uruguai: uma aproximação para sistematização estratigráfica

Resumo

Os depósitos continentais das bacias do Paraná, Chaco-Paraná e Norte (Brasil, Argentina e Uruguai), acumulados desde o final do Permiano até a extrusão dos enormes volumes de lava no Cretáceo Inferior, estão intimamente ligados à nova configuração paleogeográfica associada aos processos geológicos da margem sudoeste do Gondwana. Esse fato levou à implantação de uma progressiva continentalização dessas áreas de bacias que abrigavam depósitos essencialmente siliciclásticos de origem eólica, fluvial e subordinadamente lacustre, que se sucederam ao longo desse tempo. Na região do Uruguai - Rio Grande do Sul/Brasil, grande parte desses registros continentais aflora. As semelhanças litológicas, as dificuldades no reconhecimento de inconformidades e a falta de horizontes marcadores são parte das causas de muitas concepções conflitantes sobre a estratigrafia da área. O trabalho baseou-se em uma ampla revisão da literatura geológica sobre a evolução histórica das diferentes propostas que abordam o arranjo espacial e temporal das rochas sedimentares desenvolvidas entre a Formação Rio do Rasto e os basaltos da Serra Geral. Esta revisão foi acompanhada de um trabalho de campo que visou, em particular, rever as caraterísticas litológicas e a distribuição das formações Buena Vista (Permiano Superior) e Sanga do Cabral (Triássico Inferior) exclusivamente em superfície, com o objetivo último de ajustar a cartografia geológica na área da fronteira uruguaio-brasileira. Além disso, são discutidos aspectos relacionados ao distanciamento das boas práticas estratigráficas, como a mistura de critérios de correlação lito-bio-cronológica e a proliferação desnecessária de nomes, bem como a importância da aplicação de técnicas e procedimentos estratigráficos corretos na discussão sobre o uso e proteção do Sistema Aquífero Guarani, um recurso hídrico compartilhado entre os dois países.