Investigação paleoambiental baseada em diatomáceas: tendências globais, disparidades regionais e a evolução do papel da América do Sul
DOI:
https://doi.org/10.14295/derb.v44.803Resumo
O uso de diatomáceas em estudos paleoambientais é de extrema importância para a reconstituição de ecossistemas passados, pois fornece informações essenciais sobre a adaptabilidade e a resiliência desses sistemas, sobretudo em um contexto de crescentes impactos antrópicos e de mudanças climáticas em curso. Para garantir a validade e a relevância dessas reconstituições em escala global, é crucial manter uma distribuição geográfica equitativa dos estudos. Com o intuito de mapear o progresso científico das pesquisas paleoambientais que empregam diatomáceas como indicadores, este estudo cientométrico foi delineado para investigar as tendências e padrões em âmbito global, com enfoque particular nos desenvolvimentos pertinentes à América do Sul. Os objetivos do estudo se estenderam para incluir um exame detalhado das disparidades na distribuição geográfica dos estudos, avaliar o avanço das temáticas de pesquisa priorizadas ao longo do tempo, analisar as redes de colaboração científica e identificar regiões onde a carência de pesquisas nesse campo é mais pronunciada. Os critérios de busca excluíram certos tipos de publicações, como artigos de conferências e notas, e focaram em artigos, revisões, livros e capítulos de livros usando palavras-chave específicas e alinhadas aos objetivos. Utilizando o banco de dados Scopus, identificamos 7.091 publicações entre 1979 e 2023 que empregaram diatomáceas como principal indicador para reconstituição paleoambiental. Os resultados revelaram mudanças significativas nas últimas décadas. Houve um notório incremento na produção científica iniciado na década de 1980, seguido por um segundo aumento expressivo na quantidade de estudos publicados após 2000. Essa tendência ascendente reflete um interesse crescente e a reconhecida importância deste campo de estudo no contexto da paleoecologia e das ciências ambientais. Após 2011, observou-se uma transição no foco temático dos estudos, migrando de uma predominância em reconstituições históricas ambientais e geológicas para estudos que focaram em interações ecológicas, antropogênicas e variáveis climáticas. Esta mudança reflete uma resposta acadêmica às urgências impostas pelas alterações globais contemporâneas e à necessidade de compreender como os ecossistemas responderam às perturbações antrópicas e climáticas no passado, um entendimento crucial para antever e mitigar impactos futuros. Pesquisadores-chave, incluindo Smol JP, Leng MJ e Birks HJB destacaram-se em colaborações internacionais. Desde 2000, os estudos sul-americanos concentraram-se principalmente nos impactos climáticos e das atividades vulcânicas a partir da análise de registros lacustres. Pesquisadores sul-americanos como Maidana NI, Urrutia R e García-Rodriguez F. enfatizaram a importância dos ecossistemas regionais e de sua história paleoambiental no cenário científico mundial. Apesar de sua elevada biodiversidade, a América do Sul contribuiu com apenas 6,7% da produção científica global na área, ocupando a 19º posição. A disparidade na produção científica observada na América do Sul comparada a outras regiões pode ser atribuída a fatores socioeconômicos e outros obstáculos enfrentados pelos pesquisadores da região. Parcerias equitativas, ampliação dos investimentos, melhorias na infraestrutura acadêmica e oportunidades aos pesquisadores locais devem ser implementadas para desbloquear o vasto potencial de pesquisa paleoambiental baseada em diatomáceas na América do Sul, que possui a maior biodiversidade global e está atualmente sub-representada na área. Essas estratégias são fundamentais para avançar o entendimento paleoambiental global, informar futuras ações conservacionistas e políticas ambientais na América do Sul, além de promover o progresso científico em escala global.
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